O peso pesado na creche

Esse rapaz na foto é o Evaldo, o grande Evaldo e bota grande nisso. O cara é do bem. Lembro-me que no ano passado, depois de entrevistar o Breado em sua Fazenda, fui a Prefeitura de Igarapé Grande também colher uma matéria com o prefeito.

- O prefeito Geames não se encontra, está apenas o Evaldo. – informou-me a Secretária.

Fiquei confuso. “Evaldo, mas quem é Evaldo no jogo do bicho?” Indaguei-me com os meus botões.

- E quem é o Evaldo? – Perguntei a secretária.

Ela olhou-me surpresa com a minha ignorância e respondeu com um sorriso.

- O Evaldo é o prefeito, quando o prefeito não está.

- É mesmo?!! Então quero falar com ele.

Fui encaminhado ao Evaldo, homem de confiança do prefeito Geames Macedo e secretário municipal de Administração. Ele me recebeu bem e disse que já tinha dado uma olhadela no Blog do Carlinhos naquele dia.

Continua...

- Então vocês gostam do Blog?

- Sim, é bem lido aqui em Igarapé Grande. – Respondeu Evaldo de trás de sua grande mesa num dos gabinetes da Prefeitura de Igarapé Grande.

Disse-lhe depois a razão da minha visita ao município e que acabara de entrevistar o ex-prefeito Breado e gostaria de também entrevista o atual prefeito Geames.

Evaldo explicou que Geames estava em viagem a São Luís e ficou muito interessado em saber do que dissera o Breado.

- Coisa de política, denúncias, acusações, mas eu senti que o senhor Breado está muito decepcionado com Geames.

Evaldo suspirou longamente.

- É imagino, mas como você disse, são coisas da política.

Depois disso tornei-me amigo do Evaldo, e quando o Blog foi crescendo em Igarapé Grande, eu senti o que a secretária da Prefeitura quis dizer ‘que Evaldo é o prefeito quando o prefeito não se encontrava no município’. Ele era a autoridade em pessoa para resolver todos os problemas administrativos. Interessante que o povo do gato acusa o Breado de ser o prefeito em vez do filho dele, Brunno Galvão, porém, e o que dizer de Evaldo assumindo a responsabilidade de Geames? Coisas da política.

Evaldo tinha poder nas mãos em Igarapé Grande e o poder atrai admiradores,  conflitos, inveja e principalmente ressentimento.

No Blog o nome Evaldo começou a aparecer incontáveis vezes ao ponto de rivalizava com Geames e o próprio Breado.

Queixas e queixas contra Evaldo. As reclamações dizia que ele perseguia funcionários, que ele não passava de um professor concursado de creche e que no momento em que Brunno ganhasse a eleição, ele seria designado para uma creche nos confins de Igarapé Grande e receberia salário a cada três meses para sentir na pelo o que os funcionários onças estava sentindo.

O povo tinha raiva do Evaldo. Mas eu achava ele calmo, sereno, um tipo que não é dado a brigas. Como Evaldo, jeito bonachão poderia perseguir um ser-humano?

Mas um dia vi ele irritado, querendo brigar. Mas foi seguro e a mulher dele brigou por ele. É amor!

Passado o pleito, passado o governo Geames Macedo Evaldo perdeu o poder, mas não perdeu a calma.

Reencontrei o homem quando o Governo Itinerante passava por Bernardo do Mearim.

- Oi amigão, como tá a vida? – disse-lhe estendendo a mão.

- Vou bem carlinhos, muito bem! – respondeu muito tranquilo e com um sorriso sincero no rosto.

- Está trabalhando na creche? – perguntei num tom de provocação.

- Sim estou. Dou aulas para crianças.

- Sério? – estava surpreso. Jamais imaginaria que Evaldo assumiria o cargo de professor de creche, é quase um monitor. Não por ser um trabalho meno, mas como é complicado para um homem lidar com crianças, muitas crianças!

- Estou dando aulas num povoado.

- Está sendo perseguido pelo Governo?

- Rapaz, eu sou lotado no Cariri, mas dona Tereza achou por bem me mandar para outro povoado. A distância é a mesma, mas não é asfaltado. De manha subo na minha moto e vou para o trabalho normalmente. – Explicou o prefeito quando o prefeito não se encontrava.

- Mas você tem recebido o teu salário direitinho, Evaldo?

- Sim, já recebi algumas vezes e já até gastei. Tá tudo em paz, meu irmão.

Essa foi a história de um cara tranquilão e que já mandou muito. Nada melhor ou pior do que um dia após o outro, com uma noite escura no meio.