Revista da PM causa revolta de detentos no Presídio São Luís II
0
Comentários
Apenados atearam fogo em
colchões e quebraram grades das celas revoltados com a ação dos policiais na
noite anterior.
Pavilhão no Presídio São
Luís II teve portas e grades das celas destruídas pelos detentos revoltados
Homens do Batalhão de
Policiamento de Choque (BPChoque) da Polícia Militar e da Força Nacional de
Segurança Pública (FNSP) controlaram, ontem, mais um tumulto promovido por
detentos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Desta vez, não houve mortes,
mas pelo menos 10 presos ficaram feridos durante a contenção policial, no
Presídio São Luís II (PSL) de Segurança Máxima. A confusão começou quando os
apenados resolveram protestar contra o rigor na revista de suas mulheres,
proibidas de entrar com alimentos.
Continua...
"Na noite passada, a PM
fez uma inspeção rigorosa no Presídio São Luís II e encontrou dezenas de armas
brancas [chuços, facas, etc], além de aparelhos celulares e maconha. Isso,
claro, causou a insatisfação dos detentos. Hoje [ontem], dia de visita, a revista
das mulheres dos presos, consequentemente, foi mais rigorosa ainda, e por isso
os internos iniciaram o motim", disse, por volta do meio-dia, Hamilton
Louzeiro, secretário-adjunto de Estabelecimentos Penais da Secretaria da
Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap).
O tumulto em Pedrinhas teve
início às 8h, segundo informações, quando algumas mulheres de presos, grávidas,
foram submetidas à inspeção no Raio-X da unidade prisional, para evitar a
entrada de materiais e equipamentos ilícitos. Até as 11h40, a imprensa não teve
acesso ao pátio externo do presídio, mas pôde se perceber pela fumaça a queima
de colchões. Aflitas com o que viam, e com o barulho de tiros de balas de
borracha, as mulheres que se preparavam para a visita também se revoltaram do
lado de fora.
"Qual o problema de
entrarmos com uma fruta, um refrigerante ou um pacote de biscoito para nossos
maridos que estão presos? Eles estão pagando pelo crime que cometeram, mas isso
não significa dizer que não podem comer, pelo menos um dia da semana, uma
refeição feita pelos familiares. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Quando perguntamos o porquê da proibição, fomos escorraçadas, isso é
humilhante. Até atirar, os PMs atiraram contra a gente", denunciou a
mulher de um detento, que não quis se identificar.
Reação - Proibidas de entrar
com os mantimentos, as mulheres se uniram e começaram a sacudir o primeiro
alambrado do PSL II, que fica às margens da BR-135. Em menor número, os
vigilantes da empresa Atlântica não conseguiram conter a fúria das visitantes,
e depois de alguns minutos, elas conseguiram derrubar um dos portões de acesso
ao pátio externo da unidade prisional. Nesse momento, já por volta do meio-dia,
pelo menos três ambulâncias, um carro do Corpo de Bombeiros e várias viaturas
da PM entraram no presídio.
Sem saber de informações
oficiais de seus maridos, e ainda com a divulgação de notícias falsas - entre
as quais a de que já havia pelo menos três detentos mortos -, as mulheres
chegaram ao segundo alambrado do PSL II, por volta das 13h30, e algumas
chegaram a se agredir. Meia hora depois, os representantes da Sejap saíram do
complexo penitenciário e garantiram às visitantes e à imprensa que a situação
já estava controlada, e que o tumulto só demorou porque detentos do PSL I haviam
aderido ao movimento.
"Está tudo sob
controle. Ao contrário do que divulgaram precipitadamente, em alguns canais de
notícias, não houve mortes. A presença das ambulâncias e do Corpo de Bombeiros
foi apenas para atender os presos que saíram machucados e levá-los com
segurança ao próprio ambulatório do complexo e controle das chamas.
Infelizmente, devido a tudo isso que aconteceu, tivemos que cancelar a visita
por hoje [ontem], e evitar mais tumulto", disse, por volta das 16h, o
subsecretário da Sejap, Késsio Rabelo.
Assista na versão on-line ao
vídeo do momento em que mulheres invadem o presídio.
João Rodrigues
Da equipe de O Estado
0 Comentários